Dia das mães sem mãe

A última vez que a vi ela ainda respirava, sorria.

Hoje quando cheguei em casa fiu informada de sua partida. A ficha não caiu. Me tranquei dentro do banheiro e me pus a chorar. Ninguém me ouviu. Nem meu pai, nem minha irmã, nem meu irmão.

Talve agora meu avó pare de chamá-la de centenaria, de museu, entre outros nomes. Este ano ela faria 104 anos, mas ela se foi esta manhã.

Um amor de pessoa. Mesmo nesta idade ela sabia perfeitamente o nome de cada filho, neto e bisneto como eu. Toda vez que eu aparecia por lá, ela fazia questão de saber como eu ia e como meu irmão de apenas um ano estava. Eu achava invricel ela saber sobre ele, e de quem ele era filho, neto e irmão.

Mesmo tendo passado os ultimos 5 meses deitada numa cama, sem escutar, com ematomas e consciencia de tudo, para mim ela não sofira, era uma total fonte de aprendizagem, de esperança, de vida.

Acho que nunca vou conhecer alguém como ela.

Minha bisavó era sem duvida uma grande mulher. 104 anos de vida, 50 anos de casada, viuva, 16 filhos sendo 7 vivos, trocentos netos, milhares de bisnetos e alguns tataranetos. Ela já até saiu em jornal.

A saudade não passará tão cedo. Só de ouvir o nome dela - Inacia -, ver a cidade onde ela morava - Salto -, olhar para minha avó, me lembra ela.

Minha avó... Como ela deve estar sofrendo. Perder uma mãe. Vespera de dia das mãe, dia em que milhares de pessoas faziam questão de passar na casa da Inacia. O cheiro que aquela casa tinha era maravilhoso, talvez nunca mais o sinta, já que ela talvez vá a venda. Metade da minha infância fora passada entre os corredores daquela casa, no porão, no pequeno jardim, naquela rua, na praça em frente da casa, do shopping nos fundos...

E os aniversarios... Um melhor que o outro. Fazia um tempo que eu não os frequentava. Aquele são de festa nunca será o mesmo sem ela por lá sorrindo, comendo, bebendo, dançando...

Bisa, EU TE AMO!!!