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Posso confessar uma coisa?
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Quatro anos de felicidade!!!




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sábado, 3 de julho de 2010

Garoa


São 1:15 da manhã. Continuo me perguntando se era aquilo que eu pretendia fazer. Afinal das contas em lembro de ter planejado tudo um o mínimo de cuidado possível. Eu entraria no restaurante e te veria ali sentado na mesma mesa de sempre, com uma taça de vinho tinto em uma das mãos se deixando divagar entre seus pensamentos.
Era isso que eu devia ter encontrado quando passei pela porta de vidro sorridente e olhei fixamente para aquela mesa. E lá estava você. Com outra pessoa. Em vez de vinho havia um balde de gelo no canto da mesa guardando uma garrafa de champigne. E o que mais me perturbou foi ver você rindo.
Tive vontade de fazer inúmeras coisas naquele instante. Queria gritar, correr até lá e virar a mesa, simplesmente acenar quando você finalmente me viu. Em vez disso, dei as costas e saí do mesmo jeito que entrei. Agora eu sabia que não me restava nada a perder. Quer dizer, o que eu poderia fazer? Chorar a noite toda estava fora de cogitação, você não merecia. Merecia menos ainda aquelas palavras que trocamos em promessa de que o nosso amor seria eterno.
Olho a rua agora minha volta cheia de luzes, casais andando abraçados rindo, carros passando ao meu lado com o som no último volume, e uma pequena garoa cair. E eu?
Ando sem rumo, procurando um destino. Um novo destino.
Atravessei a rua correndo, nem sei porquê. Entrei em uma das daquelas velhas lojas de discos. Peguei minha bolsa e joguei-a em cima do balcão com raiva fazendo barulho ao derrubar o pequeno sino. Então de trás do balcão uma mulher se levantou com uma revista nas mãos e me encarou torcendo o nariz.
- E então como foi? - me perguntou ela.
- Bem, eu acho. - respondi soltando o ar de meus pulmões ao me aproximar.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Despedida


Era burrice. Pura burrice, repetia para mim mesma parada ali na estação de trêm em meio a multidão fechando meus punhos enquanto meus pés não obedeciam aos meus comandos. Podia sentir meu rosto ficar quente, meus olhos arderem e pessoas esbarem em mim como se não me vissem. O que havia de errado comigo? Só precisava dar alguns passos e dizer alguma coisa, qualquer coisa!!!
Naquele momento ouvi aquele barulho se aproximando, as pessoas ao meu lado correrem me empurando. Respirei fundo segurando as lagrimas retirando o capuz de minha cabeça. Era a última vez que eu ia fazer uma loucura dessas. Olhei por cima das pessoas a minha frente dando pequenos pulos avistando logo a frente da linha amarela de segurança aquela mochila que guardava o skate que dei para Murilo de presente.
Meu coração estava acelerado, estava suando tentando passar entre aquelas milhares de pessoas para chegar até ele. Ele não podia me deixar aqui, não desse jeito, sem explicação. Pisei em alguns pés sentindo-me esmagada ao cotovelar para que me dessem espeço.
O barulho ficava mais forte, rangendo o trilho, um pequeno farfalhar da buzinha e uma luzinha logo apareceria no tunel. Estava ofegando e parecia que nunca chegaria até ele. Senti meu pé ficar preso e quanto mais eu o puxava, mais o ar ia me faltando e minha visão escurecendo, perdendo Murilo de vista.
Não me lembro de ter feito nada de extraordinário naquele momento, mas no segundo seguinte meu corpo estava tão apertado que senti a necessidade de gritar, de explodir meus pulmões no ar. E nesse momento fiquei pensando, pensando no que haviam me dito: "Se um homem quer você, nada pode mantê-lo afastado. Se não, nada pode fazer ele ficar".
Vi uma brecha no chão e me sentei chorando de raiva escutando o trêm parar na plataforma e as portas então se abrirem. Só que eu estava enganada. Murilo não ia embora sem me dar uma explicação.
Ele estava ali ajoelhado ao meu lado, com uma das mãos em meus cabelos, me olhando assustado. Tudo bem, era eu quem olhava para ele assustada por estar deixando trêm partir.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fame (2)

Doze horas antes:
- Seu celular. – avisou Demetria entrando no banheiro – Não conheço esse número. – disse me entregando
Olhei o visor sentindo um arrepio percorrer minha espinha. Esperava não ter que ver mais aquele número. Pensei que todo aquele tormento já havia acabado. Mas, eu devia saber que não era eu que determinava essas coisas. Mesmo que tivessem me prometido que ninguém jamais voltaria a me ligar no meio da noite.
Mas eu queria o que?
Sorri para Demetria e fechei porta para que ela não pudesse me ouvir, sabendo que ela ainda grudaria o ouvido na porta para me escutar. Sentei na privada encolhendo minhas pernas finalmente apertando o botão SEND.
- Graças a Deus você atendeu esse celular, menina! – disse aquela voz estridente do outro lado da linha.
- Algum problema senhora Della Nina? – perguntei quase num sussurro – Afinal está meio tarde para me ligar.
Rezei para que ela dissesse que discou o número errado e que eu não devia ficar preocupada, pois nada de ruim aconteceu. Torci meus dedos em sinal de figa na sorte dela me mandar dormir.
- Temos um grande problema menina! – bradou ela histérica como sempre – Estamos em uma grande enrascada e você vai ter de agir conforme o plano.
O plano. Havia me esquecido completamente dele. Ainda sonhava com um dia em que Raquel Della Nina não me ligaria durante a noite me avisando que algo deu errado e que Rafael Schmidt – aquele ator lindo de morrer que fez o filme “Uma vez é para sempre” – estaria em uma grande enrascada se eu não ficasse de bico fechado e fizesse tudo direitinho como havíamos combinado meses atrás quando ele veio fazer um tipo de ‘seminário’ aqui na cidade para seu mais novo filme Loucuras da Vida. Um filme que nem fiz questão de ver, já que apareci nele sem querer.
Só que não é por causa dessa minha aparição desastrosa no filme que Raquel está me ligando à uma hora dessas, mas sim por que eu dei uma de garçonete na festa de lançamento do filme que foi aqui mesmo e por acaso esbarrei em Rafael com a minha bandeja cheia de vinho, cocas, champigne e tive de levá-lo para a cozinha para limpá-lo. Grande erro meu.
Devia ter largado ele lá no meio da festa daquele jeito e ninguém notaria. As pessoas só notam para o rosto perfeito que ele tem e nada mais, nem mesmo para a atuação dele nos grandes filmes que faz.
Mas eu queria dar uma de boa samaritana e o levei para a cozinha prometendo que limparia aquela sujeira enquanto ele dizia que ‘tudo bem não tem problema’, mesmo sabendo que se meu patrão me visse naquele instante, seria demitida. Só que não reparei quando um fotografo mal intencionado nos seguiu passando por vários outros garçons e entrou na cozinha e nos flagrando em uma cena condenatória.
Raquel havia me prometido que faria de tudo para que aquelas malditas fotos fossem apagadas e que o fotografo receberia uma boa quantia em dinheiro para ficar de bico calado e não dizer nem um pio sobre o que viu naquela noite.
Ai, eu me pergunto. O que Raquel faz me ligando à uma hora dessas depois de meses do acontecido, quando eu tinha certeza de que nenhuma foto seria publicada?
- As fotos vazaram Sara! – berrou ela me fazendo afastar o celular do ouvido – Estarão em todas as revistas de fofoca amanhã de manhã!
Ow não! Não, não, não! Ela havia me prometido que isso jamais aconteceria!
Minha vida se tornaria um completo inferno quando todos dessa cidade vissem aquela foto. Principalmente se Marcelo meu namorado visse aquela foto. O que eu diria a ele? Afinal eu já o namorava quando tiraram aquela foto. Eu estava ferrada. Toda ferrada. Seria motivo de cochichos pela vida toda! Tudo bem que quando aquilo aconteceu, eu não pensei direito e Rafael estava quase bêbado. Disso eu tinha certeza. Ele nem devia lembrar do meu rosto. Nem do que aconteceu.
Erros. Todos nós os cometemos.
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