São 1:15 da manhã. Continuo me perguntando se era aquilo que eu pretendia fazer. Afinal das contas em lembro de ter planejado tudo um o mínimo de cuidado possível. Eu entraria no restaurante e te veria ali sentado na mesma mesa de sempre, com uma taça de vinho tinto em uma das mãos se deixando divagar entre seus pensamentos.
Era isso que eu devia ter encontrado quando passei pela porta de vidro sorridente e olhei fixamente para aquela mesa. E lá estava você. Com outra pessoa. Em vez de vinho havia um balde de gelo no canto da mesa guardando uma garrafa de champigne. E o que mais me perturbou foi ver você rindo.
Tive vontade de fazer inúmeras coisas naquele instante. Queria gritar, correr até lá e virar a mesa, simplesmente acenar quando você finalmente me viu. Em vez disso, dei as costas e saí do mesmo jeito que entrei. Agora eu sabia que não me restava nada a perder. Quer dizer, o que eu poderia fazer? Chorar a noite toda estava fora de cogitação, você não merecia. Merecia menos ainda aquelas palavras que trocamos em promessa de que o nosso amor seria eterno.
Olho a rua agora minha volta cheia de luzes, casais andando abraçados rindo, carros passando ao meu lado com o som no último volume, e uma pequena garoa cair. E eu?
Ando sem rumo, procurando um destino. Um novo destino.
Atravessei a rua correndo, nem sei porquê. Entrei em uma das daquelas velhas lojas de discos. Peguei minha bolsa e joguei-a em cima do balcão com raiva fazendo barulho ao derrubar o pequeno sino. Então de trás do balcão uma mulher se levantou com uma revista nas mãos e me encarou torcendo o nariz.
- E então como foi? - me perguntou ela.
- Bem, eu acho. - respondi soltando o ar de meus pulmões ao me aproximar.