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Posso confessar uma coisa?
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Quatro anos de felicidade!!!




domingo, 10 de maio de 2009

Diario de uma Viajante- parte 12

Quinta – feira, 18 de dezembro
5° dia de aula
Sorveteira da eskina.

Meu irmão não vai para escola até segunda – feira. Foi suspenso. Minha mãe não sabia o que fazer e até agora estou sem saber o que aconteceu.
Vou confessar uma coisa muito feia que fiz hoje. Matei aula. É eu sei, meus pais podem me matar, mas como eles vão saber? Aliás, depois do almoço eu vou para escola. Acho que poderia ser perdoada numa boa por fazer isso uma única vez na vida, já que eu sou um exemplo de filha nesse mundinho. Conhecendo meus pais como conheço acho até que eles podem entender essa frustração que estou sentindo e o motivo pelo qual fiz o que eu fiz.
Na hora em que cheguei na frente da escola, eu simplesmente não consegui entrar. Não sei o que me deu. Só sei que dei meia volta na esquina e entrei numa sorveteria. O sorvete daqui é muito bom, mesmo tomando a essa hora da manhã. Comi tanto que acho que vou explodi.
Meu celular começou a tocar. A Gabi vai ter que me entender, mas eu não vou atende - lá. Acho até melhor sair daqui também. Pode acontecer de alguém da escola passar aqui e me ver. Isso é bem provável. Quase todas as professoras passam por aqui entre as aulas. Deve ser por isso que elas são bemmm grandes. Depois não sabem por que o marido delas as troca por duas de vinte.
Eu gostaria mesmo de saber o que é que eu vou fazer durante todo esse tempo que estaria sendo perdido ouvindo a orientadora que mais gospe que fala. Outro dia mesmo pensei seriamente em levar um guarda chuva para assistir a aula dela. Ninguém é obrigado a ser molhado durante meia hora.
Pensando bem, até que umas comprinhas a essa hora da manhã não cairiam nada mal. Torrar a mesada é uma coisa que eu amo fazer e vale a pena numa hora dessas. Guardei tanto dinheiro que acho que vai dar para fazer uma boa compra. Esquecei! Onde é que eu vou guardar as coisas que eu comprar? Se for apara casa na hora do almoço e minha mãe estiver lá, eu vou ficar uns dois anos de castigo. Como eu sou burra! Mas é só ligar pra ela e perguntar se ela vai estar lá, dhãr!
O telefone toca parecendo que ninguém vai atender. Talvez ela nem esteja lá a uma hora dessas.
“Alô” – minha mãe.
“Mãe você vai estar ai na hora do almoço?” – direta e sem rodeios.
“Por quê?” – custa responder sim ou não? Incrível como mãe gosta de complicar!
“Porque se você não estiver, eu nem passo ai na hora do almoço” – fale que não, por favor.
Houve um minuto de silêncio da parte dela, onde eu pensei que ela já tinha adivinhado tudo e que eu estava realmente ferrada.
“É possível que eu não esteja.” – quase gritei de alegria. Tive que me conter ao Maximo para não fazer isso. “Eu tenho que ir ao médico”
Médico? Que médico? Que não seja o mesmo que o meu....
“Talvez a consulta seja demorada. Por isso não posso te dizer com 100% de certeza de que vou estar.”
Eu vou ter de me arriscar, né? E se ela estiver? Melhor deixar pra lá.
“Eu passo ai de qualquer jeito”
Isso foi à última coisa que eu disse pra ela. Bem, eu não quero deixar as compras pra outro dia.
Convenhamos e combinemos que minha cabecinha cheia de fios loiros funciona a mil por hora quando eu preciso fazer algo, tipo assim, que quebre as regras e que me levem a prejuízos sérios com respeito um mês sem celular, PC, e sair. Conforme minha idéia maluca, daria numa boa para arranjar uma desculpa, caso:
a) Minha mãe esteja em casa;
b) Perguntem por que eu não assisti a nenhuma aula no período da manhã.
A primeira coisa que eu vou fazer é procurar um consultório medico onde meu pai tenha convênio. Um atestado medico cairia muito bem e resolveria o assunto em dois minutos na escola. E além do mais, creio que a Gabi não vai abrir a boca dela para me dedurar. A Luiza nuca, jamais faria uma coisa tão hipócrita comigo.
Por mais que eu tente negar, eu não resisto á compras quando estou na maior fossa. Onde claro, você prefere não incomodar teus pais com assuntos que eles com grande certeza vão achar estapafúrdios. E por mais que eu tente me contrariar, eu simplesmente não posso deixar de entrar em uma loja quando vejo que eles têm roupas as Smack ou do Biotipo.
Confesso só agora contra a minha própria vontade que nunca me senti tão patricinha por estar fazendo isso.
Nunca achei que fosse tão complicado achar um consultório medico quando ainda por cima não se tem sintomas de doença alguma que a ciência hoje conheça. O pior é quando o medico tem a cara de pau de te cobrar pelo atestado. Numa boa eu poderia processá-lo por isso. Só espero não encontrar minha mãe por lá. Isso seria a maior mancada da minha vida.
Andando pela rua e vendo as vitrines eu simplesmente não entendo porque por aqui não há grandes magazines. As lojas por estarem lotadas deveriam pensar no bem estar do cliente e aumentar o espaço de compra. Ou melhor, eles poderiam construir um shopping Center por aqui!
Cansei de procurar o consultório medico sem rumo algum. Parei na primeira banca de revistas que encontrei e mostrei para o dono da banca o cartão do convenio e pufff!!! Cinco minutos depois lá estava eu esperando para ser atendida pelo medico.
Mas ai eu quase tive um treco de verdade. Tudo pareceu estar acontecendo de uma só vez. O médico abriu a porta da sala e me chamou ao mesmo tempo em que minha mãe entrou lá. Tive a sensação de que ela me viu entrar na sala do médico. Espero que tenha sido apenas um estranha sensação.

Paramore - Fences

Estou sentada numa sala
feita apenas de grandes paredes
Brancas
E no corredor há pessoas olhando pela janela
Na porta eles sabem exatamente para que estão aqui
Não olhe para cima, deixe que eles pensem que não há
Outro lugar onde você preferiria estar.
Você está sempre à mostra para que todos observem e
Aprendam
Você não sabe que agora não pode voltar atrás?
Porque essa estrada é tudo que você sempre terá
É obvio que você está morrendo, morrendo
Apenas prova viva de que a câmera está mentindo
E oh oh, bem aberto, esta é sua noite, então sorria
Porque você sairá com estilo, você sairá com estilo
Se você deixasse, eu poderia
Eu te mostrarei como construir suas cercas, impor restrições
Separar-se do mundo
Uma batalha constante que você odeia lutar
Culpe os holofotes
Não olhe para cima, deixe que eles pensem que não há
outro lugar onde você preferiria estar.
E agora não pode voltar atrás, porque essa estrada é tudo que você sempre terá
Sim, sim, você está pedindo isso
Com todo fôlego que você inspira
Apenas inspire...Sim, sim, bem, você é uma bagunça
Você se gaba todoEntão agora vamos ver você andar
Eu disse 'vamos ver você andar'
Sim, sim, bem, você é uma bagunça
Você se gaba todo
Então agora vamos ver você andar
Eu disse 'vamos ver você andar'


MusicPlaylist
Music Playlist at MixPod.com



Tirando a parte final da musica, posso dizer que era exatamente deste jeito que eu estava me sentindo. A única coisa que me aliviou foi o ato do medico não me perguntar o porquê de eu estar sem a minha mãe ou o meu pai. Ele simplesmente mal olhou na minha cara e só me perguntou o que me levou até ele.“Ora, as minhas pernas!” – respondi fazendo piada“Estou falando sério menina” – ele me pareceu meio irritado nesta hora, então não quis fazer piada de novo para que ele ligasse para minha mãe e ferrasse com todo o meu plano estapafúrdio. Inventei uma história curtíssima de que eu acordei passando mal, vomitando, com dor de cabeça e com o nariz escorrendo. Infelizmente ele me fez deitar naquela maca horrorosa onde milhares de pessoas onde eu nunca vi na vida também já se deitaram e colocou aquele treco de ouvir na minha barriga e no meu coração. Também para minha desgraça ela enfiou aquele palito nojento de sorvete na minha goela e disse que eu aparentava ser bem saudável.“Nada contra o senhor, mas se eu não tivesse mal eu nem estaria aqui perdendo o meu tempo.” – menti na maior cara de pau e ele deu de ombros como se soubesse que eu estivesse matando aula.“Só acho eu se você realmente estivesse mal, sua mãe ou pai estaria com você aqui, para que você não piorasse na rua” – disse ele sem me olhar. Me senti péssima por isso e nem sei o porque exatamente. Ele nem era o meu pai ou minha mãe e estava me dando um sermão!!!Simplesmente tentei olhar nos olhos dele e pedi que me receitasse algo e me dar uma atestado medico. E foi o que ele fez sem me perguntar mais nada. Sai da sala com o coração na mão. Rezando para não encontrar a minha mãe. Esperando que ela já estivesse dentro da sala do medico dela e que só saísse depois de minutos de mim. Sorte, talvez seja isso. Minha mãe nem deu sinal de vida.Consultei meu relógio. 10h30minmin. Voltei para o centro da cidade e fui fazer minhas compras tão desejadas.
Acho que as vendedoras cansaram de me ver experimentando as roupas. Só sei que sai de lá com dez sacolas gigantes, sem brincadeira.
Para andar na rua foi um sacrifício tremendo. As pessoas não respeitam mais ninguém por aqui. Tive que ficar pedindo licença a cada dez segundos para ter certeza de que a pessoa me via e Daca licença.
E ai finalmente cheguei em casa. Duas horas depois, faltando pouco para eu estar na escola. Minha mãe não estava. Achei isso super estranho, afinal o medico dela foi no mesmo horário em que eu estava lá. Há duas horas atrás. A única coisa que encontrei lá foi meu irmão, assistindo TV. Não havia almoço, ele comeu tudo pensando que eu não iria aparecer. E eu sem opção alguma bolacha. Meu estomago não gostou muito do que recebeu, mas foi por falta de opção.


Mais tarde me casa, antes de jantar...

Ao chegar à escola eu tive que apresentar o atestado na diretoria para poder entrar. Encontrei a Gabi no corredor voltando para sala e contei a ela o que aconteceu na parte da manhã. Ela ficou me olhando como se eu fosse uma leprosa ou coisa do gênero. E então mandou:
“Você é louca ou coisa assim?” – pensei que ela ia ser um pouquinho mais compreensiva.
“Não, eu não sou louca. Só achei que merecia um pouco de sossego” – nem pensei no que disse para ser sincera.
“Pensei que você era diferente dessas garotas” – foi isso mesmo que ela disse com aquela voz de choramingar.
“Como assim você achou? Eu sou diferente!” – nessa hora eu estressei legal. Será que alguma vez na vida alguém poderia entender as minhas decisões? – “Eu só estou aqui há uma semana e se não deu para perceber, eu vou dizer: Eu não estou acostumada a mudar de vida e me acostumar rapidamente ao que não conheço!”
Nessa hora eu parei para pensar em cada palavra que eu disse. Não saiu como eu pensei. Soou como se eu estivesse berrando com ela. Ela olhou para baixo e para os lados tentando não me olhar nos olhos.
“Desculpa!” – fui eu. Percebi que estava sendo sentimental demais – “Não foi minha intenção falar com você desse jeito. Pensei que você ia me entender”.
“Entender eu entendo.”
O sinal soou.
“Só achei que você não ia chegar ao o nível do pessoal daqui”.
O resto do meu dia foi um desastre total até agora. Aconteceu uma coisa incrível, terrível. Tudo poderia ter sido até perfeito, aquela história de matar aula. Antes de todos irmos jantar o telefone toca. Presta muita atenção, o telefone toca:
“Alô?” – minha mãe –“Sim é ela...ãh, sei...uhum...mesmo?...me desculpe por isso, mas ela está muito bem.”
Ai o meu coração disparou e eu pensei seriamente em sair correndo da vista da minha mãe. Quando ela desligou, quase tive um infarto com olhar que ela me deu. Ela apenas apontou para meu pai e pra mim e depois pro quarto.
O maior sermão da minha vida começou. Primeiro ela me perguntou se tudo era verdade. Tentei me explicar, mas não deu muito certo e a partir daí não desviei meu olhar do chão para não ver o meu pai.
“Você nunca foi disso Bri. O que deu na sua cabeça?” – estranhei muito a delicadeza da minha mãe.
“Não comece com rebeldia que eu corto tua mesada e viro pai de verdade” – a pessoa mais sensível da casa se mostrou bem aterrorizado com o meu feito rebelde.
Pensei muito no que eles me disseram e concordei com boa parte. Mesmo sendo difícil não é assim que se resolver os problemas. E que se eu tentar fugir dos meus problemas, nunca vou conseguir resolve-los. Nisto eles tem razão, muita razão. Disseram também que fazem tudo isso para o meu bem e que um dia tanto eu quanto o Marcos vamos agradecê-los.
Eu sabia que um dia eles iriam ficar sabendo. Mas não esperava que e fosse ainda hoje. Tinha sido planejado tão bem que eu poderia jurar que nunca, em hipótese alguma a escola iria ligar para confirmar com a minha mãe a história de eu estar doente.
Quando sai do quarto para ir jantar o marcos estava indo para o quarto. Teve o prazer de para e rir da minha cara.
“Eu sabia que tinha feito algo errado, quando te vi com todas aquelas sacolas. Que coisa feia Bri!”
Eu entendo totalmente essa preocupação excessiva que eles têm em querer que eu passe por tudo que é problema para enfrentá-los ao em vez de pulá-los e deixá-los para outra pessoa resolve-los. Mas eu nem sei quem é que resolveria meus problemas por mim.
Pensando bem agora, eu nem tenho motivos concretos para matar aula. Mesmo assim fiz achando que tinha motivos suficientes.