A casa dos Romanèes estava silenciosa naquela noite, todos os empregados foram dispensados. Do lado de fora da mansão apenas um gato passava derrubando as latas de lixo. Houve um repentino estalo e as câmeras de segurança do portão da frente foram desligadas. Pulei o murro coberto de musgo e procurei por algum sinal dos cachorros. Nada. Limpei meu sobretudo preto e comecei a andar em direção a porta passando pelas poças d'água. Observei a pequena janela no segundo andar onde havia uma luz acesa, a única de toda a mansão. Por de trás da cortina pude ver dois vultos se movendo. Virei a maçaneta da porta, estava aberta como o combinado. Minhas luvas de couro não deixariam vestígios de nada. Dessa vez tudo daria certo. Fechei-a de vagar e suspirei a ver um grande quadro que havia pendurado no hall de entrada. Pena levá-lo comigo. A escada estava logo ao lado decorad com um tapete vermelho e dois vasos de flores dos dois lados dela. Subi-a lentamente sentindo o prazer que tudo isso me dava. No alto dela o corredor não se mostrava tão escuro como o andar de baixo. No fim dele enxerguei um fio de luz, a porta estava apenas encostada. Uma risada doce foi dado seguido por um pequeno grito. Era naquela hora que eu deveria agir. Me encostei na parede tentando enxergar entre a pequena fresta a posição deles. Só pude ver a cama com um edredom marfim e uma mesa com champgne e um vaso com rosas brancas. Foi então que ela entrou na minha vista com aquele sorriso que eu odiava, um vestido carmim e a caixinha pequena aberta na mão.
- Hoje é o dia mais feliz da minha vida! - Pude ouvi-la dizer enquanto colocava o anel no dedo.
Retirei a arma de dentro do meu sobretudo e encaixei o silenciador nela. Antes de ele perceber o que acontecera eu estaria fora daqueles portões.
Ela ainda continuava ali parada na minha frente feliz feito criança ao ganhar um doce. Me dava nojo vê-la tão feliz. Como ele pode ter tanta coragem para pedi-la em casamento? Fabio nunca teve um pingo de sanidade. Depois de todos esses anos de raiva guardada finalmente eu me vingaria. Ninguém suspeitaria da fiel amiga de infância dele. Deu uma última olhada naquela cena patética e coloquei a ponta da arma no vão da porta. Ele entregara a ela uma taça e virou-se para a mesa de costas para ela. Respirei fundo mirando-a e atirei. Finalmente senti o doce sabor da vingança. Guardei a arma dentro do sobretudo e desci as escadas saltitando enquanto ouvia os gritos dele e o silêncio dela. Fechei a porta ao passar por ela e dei uma última olhada na janela. Não havia mais ninguém por trás dela. Pulei o murro com um sorriso no rosto e examinei aquela mansão pela última vez. Pela manhã receberia uma ligação triste de Fabio.
- Não. - disse - Esse é o dia mais feliz da minha vida.
Deixei aquela vista para trás com um breve aceno de despedida. O silêncio fora engolido por sirenes que invadiram a rua enquanto eu virava a esquina. Quem suspeitaria de uma moça andando sozinha na rua? Essa era a cartada final, onde eu poderia ficar ali vendo o corpo entrar ensaguentado na ambulância e ninguém reconheceria meu rosto na escuridão.
4 medos:
Foi muuito bom, cara, parabéns! 8)
Eu fiquei anciosa enquanto lia.
Muito bom, fui lendo e quando vi acabou, merecia até uma continuação, :)
Bom sobre sua nota do Blorkutando, me passa seu email que eu te mando, qualquer outra duvida, mande para o email do blorkutando:
blorkutando@hotmail.com
Nossa muito Cris
Fiquei sem ar até o último ponto final.
bj
Muito bom esse texto, prendeu a atenção, fiquei torcendo pro final, haha! Parabéns!
Beijos
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